sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mário Quintana

Mário Quintana nasceu em 30 de julho de 1906 no Rio Grande do Sul e morreu em 5 de maio de 1994. Foi um grande poeta e escreveu livros para adultos e para crianças. Os seus poemas, que são, na sua maioria, pequenos, muitos formados de um único verso, apresentam uma aparente simplicidade, mas que é apenas aparente, pois é possível perceber uma profunda reflexão. E uma das suas maiores características é o seu humor e ironia.
Os seus livros infantis sempre trazem a questão da brincadeira, das ilustrações que chamam a atenção da criança, enquanto os livros adultos são mais sérios, mais profundos, para refletir.
Quintana foi indicado três vezes a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas nunca ganhou.


Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
            Eles passarão...
            Eu passarinho!


Sapato Furado

Um de seus livros, considerado infantil, é o tipo de livro que nos faz perguntar: “Isso é mesmo para crianças?”. Sapato furado é composto de poemas na sua maioria muito pequenos, muitos com apenas 1 ou 2 versos, e apesar do tema da morte presente na maioria dos poemas, é um livro mais humorado, com alguma ironia. Sua edição foi feita voltada principalmente à criança, cheio de ilustrações coloridas, apesar do tema não ser propriamente infantil. Sobre esse livro, Quintana escreveu em algum lugar: “Eu já escrevi o Sapato florido. Como, porém, nesta vida nem tudo são flores, apresento-vos agora o Sapato furado, que tem grande significação, pois o seu texto foi escolhido exclusivamente pelos leitores a se destina: a gurizada a partir dos dez anos...”.
Logo no primeiro poema do livro, conto azul, já é possível ver como será o universo desse livro. O poeta traz o tema da morte, com todos os seus mistérios, mas o faz de uma forma um pouco mais leve, e até fantástica
 Estes são alguns dos poemas encontrados nesse livro:


Conto azul
Certa vez, tinha eu quinze anos, inventei uma história que principiava assim:
“A primeira coisa que fazem os defuntos, depois de enterrados, é abrir novamente os olhos”.
Mas fiquei tão horrorizado com essa espantosa revelação que não me animei a seguir avante, e a história gorou no berço, isto é, no túmulo.
 
 
Terapias
Pílulas das mais variadas cores,
Cada uma para as diversas horas do dia.
Isso não quer dizer que curasse os velinhos, não.
Mas sempre dava um colorido à mesmice das suas vidas.



Mistérios Noturnos
No silêncio das noites soluçam as almas pelas torneiras das pias...


Notas Noturnas
O silêncio é um espião


 Mário Quintana. Sapato Furado. São Paulo: Global, 2006.

            Para mais informações sobre Mário Quintana e poemas:

Nenhum comentário: